Você já ouviu falar em esculpir a luz, mas e esculpir a água? Pesquisadores belgas da Universidade de Liège desenvolveram uma técnica inovadora que permite esculpir a superfície da água, criando objetos que se projetam dela. Essa descoberta promissora tem aplicações variadas, desde o transporte e manipulação de amostras em microescala até o controle da poluição marinha, sem mencionar as possibilidades para novas fontes luminosas.
Explorando a Tensão Superficial
A técnica desenvolvida por Megan Delens e sua equipe consiste em utilizar a tensão superficial da água para criar barras de água que se erguem da superfície. Com uma impressão 3D altamente precisa, é possível criar essas barras com alta resolução e combiná-las para formar relevos líquidos programados. Esses relevos dinâmicos permitem guiar partículas, seja empurrando-as com as barras projetadas ou pela ação da gravidade, criando um cenário líquido único.
Manipulando a Superfície da Água
Ao criar pequenos “meniscos” sobre uma grande superfície de água, a equipe de pesquisa conseguiu formar encostas, vales e até mesmo paisagens inteiras, tudo de forma líquida. Modificando cada “espícula” individualmente, a superfície do líquido deixa de ser plana e passa a se assemelhar a uma paisagem “programada”. Essa programação permite criar interfaces líquidas com diferentes topografias, desde planos inclinados até formas complexas, como a recriação do Atomium de Bruxelas em relevo líquido.
Rodovia para Bolhas e Micropartículas
Essa técnica inovadora oferece uma nova abordagem para mover e classificar objetos flutuantes, sejam gotículas líquidas ou partículas sólidas. A inclinação da superfície da água permite que objetos mais leves subam, enquanto os mais densos afundam, criando um sistema passivo de movimentação. Essa tecnologia pode ser aplicada em micromanipulação, classificação de partículas e até mesmo na limpeza de superfícies líquidas, como a captura de microplásticos ou gotículas de óleo.
A equipe pretende explorar novas maneiras de movimentar as “espículas”, como o uso de materiais reativos a campos magnéticos ou que possam mudar de forma. Esses avanços prometem tornar essa técnica ainda mais útil para o desenvolvimento de novas tecnologias em microfluídica.
Por Lana, redatora da InnovaGeek.