Sabe aquele filme que todo mundo elogiava na época, mas que hoje parece ter sumido do mapa? Ou aquele drama profundo que te tocou, mas que ninguém mais parece lembrar? O mundo do cinema é cruel, e nem toda obra-prima recebe o reconhecimento que merece. Preparei uma lista com 10 filmes dramáticos meio esquecidos que, na minha opinião, merecem ser redescobertos e apreciados por uma nova geração de cinéfilos.
‘The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds’ (1972): Drama Familiar com Alma Científica
Dirigido por ninguém menos que Paul Newman, “The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds” é um filme que te pega desprevenido. Joanne Woodward, esposa de Newman na vida real, entrega uma atuação poderosa como Beatrice, uma mãe solteira amargurada que cria duas filhas em um lar decadente. A filha mais nova, Matilda (interpretada por Nell Potts), encontra esperança na ciência, cultivando flores de calêndula irradiadas. O filme é uma adaptação de uma peça vencedora do Prêmio Pulitzer e aborda temas como traumas familiares, doenças mentais e o poder transformador da curiosidade. É cru, real e, para mim, um dos dramas mais impactantes dos anos 70, lembrando um pouco a intensidade de “Uma Mulher Sob Influência” de John Cassavetes.
‘The Pawnbroker’ (1964): Um Olhar Sombrio Sobre o Trauma do Holocausto
“The Pawnbroker” é um filme que te deixa sem fôlego. Rod Steiger interpreta Sol Nazerman, um sobrevivente do Holocausto que administra uma loja de penhores no Harlem. Ele vive como um fantasma, assombrado por memórias dolorosas. Dirigido por Sidney Lumet, o filme é um dos primeiros a abordar o Holocausto no cinema americano de forma tão direta e impactante. A atuação de Steiger é magistral, contida e profundamente emocional. É um filme que te faz questionar os limites da resiliência humana, um tema que ressoa até hoje em obras como “O Filho de Saul”.
‘Little Murders’ (1971): Humor Negro e Caos Urbano
Prepare-se para rir e se sentir desconfortável ao mesmo tempo! “Little Murders” é uma comédia ácida que satiriza a violência urbana, a paranoia e o absurdo da vida moderna. Patsy (Marcia Rodd) tenta se casar com Alfred (Elliott Gould), um homem apático que parece imune a tudo. O filme, dirigido por Alan Arkin, é uma crítica mordaz à sociedade americana dos anos 70, com um humor que lembra um pouco o estilo de “Dr. Strangelove”. Donald Sutherland e Vincent Gardenia também entregam ótimas performances no elenco de apoio.
‘The Rapture’ (1991): Fé, Fanatismo e o Fim do Mundo
“The Rapture” é um filme ousado e perturbador sobre religião e fanatismo. Sharon (Mimi Rogers) é uma mulher hedonista que passa por uma transformação espiritual e se torna uma fervorosa crente no Arrebatamento bíblico. O filme não tem medo de questionar os limites da fé e as consequências de uma crença cega. A direção de Michael Tolkin equilibra realismo e surrealismo, criando uma atmosfera de tensão crescente. É um filme que te faz pensar sobre o significado da fé e os perigos do extremismo religioso, temas que continuam relevantes em obras como “Hereditário”.
‘A Touch of Class’ (1973): Romance Adulto e Sem Clichês
Glenda Jackson ganhou um Oscar por sua atuação em “A Touch of Class”, mas o filme acabou caindo no esquecimento. Ela interpreta Vickie, uma designer de moda divorciada que se envolve em um caso com um empresário americano casado (George Segal) em Londres. O filme é uma comédia romântica adulta que foge dos clichês do gênero, mostrando as complexidades e os desafios de um relacionamento extraconjugal. Jackson e Segal têm uma química incrível, e o filme aborda o amor de forma realista e sincera.
‘Fat City’ (1972): Boxe, Sonhos Desfeitos e a Luta Pela Sobrevivência
“Fat City” é um filme de boxe diferente de tudo que você já viu. Não há glória, não há triunfo. Apenas a luta pela sobrevivência em um mundo de academias decadentes, bares sujos e sonhos desfeitos. Stacy Keach e Jeff Bridges interpretam dois lutadores que tentam não afundar ainda mais na vida. O filme, dirigido por John Huston, é um retrato melancólico e realista da pobreza e da desesperança, lembrando um pouco o estilo de “O Lutador” de Darren Aronofsky.
‘Straight Time’ (1978): A Dificuldade de Recomeçar Após a Prisão
Dustin Hoffman entrega uma atuação impecável em “Straight Time”, um filme sobre um ex-presidiário que tenta se reintegrar à sociedade, mas é constantemente confrontado com o preconceito e a burocracia. Max Dembo quer seguir o caminho certo, mas o mundo lá fora parece conspirar contra ele. O filme é uma crítica ao sistema prisional e à dificuldade de reinserção social, temas que continuam relevantes em obras como a série “Orange is the New Black”.
‘The Swimmer’ (1968): Uma Jornada Surreal Pela Crise da Meia-Idade
“The Swimmer” é um filme estranho e fascinante que começa como uma brincadeira e termina como uma tragédia. Burt Lancaster interpreta Ned Merrill, um homem de meia-idade que decide nadar de piscina em piscina para voltar para casa, atravessando as casas de seus vizinhos ricos. Mas, ao longo do caminho, ele começa a perceber que algo está errado em sua vida. O filme é uma alegoria sobre a crise da meia-idade, a repressão emocional e a futilidade da vida burguesa, com uma atmosfera onírica que lembra um pouco os filmes de David Lynch.
‘The Heart Is a Lonely Hunter’ (1968): Solidão, Incompreensão e a Busca Por Conexão
“The Heart Is a Lonely Hunter” é um filme sensível e devastador sobre a solidão e a busca por conexão humana. Alan Arkin interpreta John Singer, um homem surdo-mudo que se torna um confidente para um grupo de pessoas solitárias em uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos. O filme é uma adaptação de um romance clássico de Carson McCullers e aborda temas como preconceito, isolamento e a necessidade de ser compreendido, temas que ressoam até hoje em obras como “Manchester à Beira-Mar”.
‘They Shoot Horses, Don’t They?’ (1969): Desespero, Exploração e a Dança da Morte
Prepare-se para um soco no estômago! “They Shoot Horses, Don’t They?” é um filme implacável sobre o desespero e a exploração humana. Ambientado durante a Grande Depressão, o filme mostra um concurso de dança onde os participantes são levados ao limite da exaustão física e mental em busca de um prêmio em dinheiro. Jane Fonda entrega uma atuação poderosa como Gloria, uma mulher amargurada que esconde uma profunda desesperança. O filme, dirigido por Sydney Pollack, é uma crítica feroz ao capitalismo e à busca incessante por dinheiro, temas que continuam relevantes em obras como “Parasita”.
Esses são apenas alguns dos muitos filmes dramáticos esquecidos que merecem ser redescobertos. Se você é fã de cinema e gosta de ser desafiado por histórias complexas e personagens inesquecíveis, não deixe de conferir essa lista. Tenho certeza de que você vai encontrar pelo menos um filme que vai te tocar profundamente.