Guillermo del Toro finalmente realizou um sonho de décadas: sua versão de “Frankenstein” estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto e está prestes a chegar aos cinemas e à Netflix. Mas será que a longa gestação e a paixão do diretor foram suficientes para criar uma obra-prima, ou o filme se perdeu em meio às próprias ambições? Preparem seus corações (e seus olhos), porque a InnovaGeek vai dissecar essa criatura!
Uma Obsessão de Uma Vida Inteira
Desde “Cronos” (1992), seu primeiro filme, a influência de Mary Shelley sempre esteve presente na obra de Del Toro, seja em “A Colina Escarlate” ou em sua abordagem aos filmes de monstros da franquia “Hellboy”. A paixão por “Frankenstein” é evidente, mas será que essa devoção cega o diretor para as necessidades do filme? Afinal, como dizem, “às vezes você tem que matar seus queridos” para que a história funcione.
A Trama: Um Clássico Revisitado
A história começa no Ártico, com marinheiros encontrando um Dr. Victor Frankenstein (Oscar Isaac) à beira da morte, perseguido por sua criatura (Jacob Elordi). A partir daí, acompanhamos o relato de Victor sobre sua obsessão em trazer os mortos de volta à vida, seus experimentos macabros com a ajuda de Harlander (Christoph Waltz) e seu irmão William (Felix Kammerer), e o fatídico momento em que sua criatura ganha vida. Uma sacada genial de Del Toro é narrar a história sob a perspectiva tanto do criador quanto da criatura, o que enriquece a experiência e nos faz questionar quem é o verdadeiro monstro.
Banquete Visual e Design de Criatura Impecável
Se tem algo que Del Toro domina, é a estética de seus filmes. “Frankenstein” é visualmente deslumbrante, com cenários grandiosos, paisagens vastas e figurinos e maquiagem impecáveis. Preparem-se para uma chuva de prêmios técnicos no Oscar! O design da criatura também merece destaque: Del Toro consegue equilibrar o horror com a humanidade, transformando um ser feito de partes costuradas em um personagem complexo e empático, especialmente em seus encontros com Elizabeth (Mia Goth) e em sua descoberta do mundo.
O Ritmo: O Calcanhar de Aquiles da Criatura?
Apesar dos acertos, “Frankenstein” sofre com o ritmo. Algumas cenas se arrastam, como as tentativas de Victor de ensinar a criatura a falar ou o encontro com o homem cego (David Bradley). É como se Del Toro quisesse incluir todos os elementos que ama da história, mesmo que isso prejudique o fluxo narrativo. Uma edição mais enxuta poderia ter feito maravilhas.
Personagens Carentes de Desenvolvimento
Oscar Isaac entrega uma boa atuação como Victor Frankenstein, mas sua caracterização não se distancia muito do que já vimos antes. Mia Goth e Christoph Waltz, apesar de talentosos, têm pouco tempo de tela para desenvolver seus personagens. A grande surpresa é Jacob Elordi, que brilha como a criatura, transmitindo sua confusão, sofrimento e sede de conhecimento. Sua performance é, sem dúvida, o ponto alto do filme.
O Legado de Frankenstein Segundo Del Toro
No geral, “Frankenstein” é um projeto de paixão que merece ser visto, mesmo com seus defeitos. A dedicação de Del Toro à história é evidente, e o filme oferece momentos de beleza e emoção. Talvez não seja uma obra-prima impecável como “O Labirinto do Fauno”, mas é um vislumbre da alma de um cineasta que ama o que faz. Como o próprio Del Toro disse, “Frankenstein” marca o fim de uma era para ele. Resta saber o que sua próxima criação nos reserva.