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Fellini Para Iniciantes: Um Guia Jovem Para Desvendar o Mestre do Cinema Onírico

  • setembro 10, 2025
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Federico Fellini. Só de ouvir o nome, já me transporto para um universo de sonhos, circos e personagens que parecem ter saído direto de um livro de contos.

Fellini Para Iniciantes: Um Guia Jovem Para Desvendar o Mestre do Cinema Onírico

Federico Fellini. Só de ouvir o nome, já me transporto para um universo de sonhos, circos e personagens que parecem ter saído direto de um livro de contos. Mas por onde começar a explorar a obra desse mestre italiano, que influenciou tantos cineastas que amamos, de Terry Gilliam a David Lynch? Se você está a fim de mergulhar no mundo “felliniesco”, preparei um guia com 10 filmes essenciais, temperado com minhas impressões de fã.

10. Ginger e Fred (1986): A Crítica Ácida à Televisão

Em “Ginger e Fred”, Fellini volta seu olhar crítico para o mundo da televisão, com uma pitada de nostalgia. Giulietta Masina e Marcello Mastroianni (dupla dinâmica!) interpretam dois artistas de variedades que faziam imitações de Ginger Rogers e Fred Astaire. Reunidos para um especial televisivo, eles se sentem perdidos em meio ao comercialismo e à superficialidade da mídia. É um filme que equilibra a crítica com a ternura, mostrando que Fellini nunca perdeu sua paixão pelos artistas, mesmo em um mundo dominado pelo espetáculo vazio. E a cereja do bolo? Ginger Rogers processou Fellini por uso indevido de marca! A ironia? A vida imitando a arte.

9. Roma (1972): Uma Declaração de Amor (e Ódio) à Cidade Eterna

“Roma” é como um sonho febril sobre a capital italiana. Longe de ser uma narrativa linear, o filme é uma colagem de memórias, mitos e cenas surreais. Acompanhamos Fellini em sua chegada à cidade, testemunhamos desfiles de moda eclesiásticos bizarros e mergulhamos em um caos urbano fascinante. É uma carta de amor agridoce, que celebra a vitalidade de Roma, mas também lamenta sua decadência. Se você curte filmes que desafiam a narrativa tradicional e te transportam para uma experiência sensorial, “Roma” é imperdível.

8. Os Boas-Vidas (I Vitelloni, 1953): A Juventude Perdida na Província Italiana

“Os Boas-Vidas” é o primeiro grande filme de Fellini e um retrato agridoce de cinco jovens à deriva em uma cidade provinciana. O título original, “I Vitelloni”, se refere a “vitelos”, ou seja, jovens adultos que ainda dependem dos pais. O filme captura a rotina entediante e os sonhos de fuga desses personagens, que oscilam entre o cômico e o trágico. É uma obra semi-autobiográfica, que prenuncia a obsessão de Fellini pela nostalgia, pelo fracasso e pela distância entre a fantasia e a realidade. Se você curte coming-of-age com um toque de melancolia, vai se identificar com “Os Boas-Vidas”.

7. Satyricon (1969): Uma Viagem Alucinante à Roma Antiga

Prepare-se para uma experiência cinematográfica insana! “Satyricon” é uma adaptação livre e surreal da obra de Petrônio, que nos transporta para uma Roma Antiga decadente e grotesca. Acompanhamos dois jovens em uma jornada repleta de orgias, combates de gladiadores e rituais bizarros. A estética é chocante, com imagens memoráveis e cenários elaborados. Fellini não se preocupa com a precisão histórica, mas usa a antiguidade como tela para explorar temas como excesso, alienação e a decadência das civilizações. É um filme controverso, mas inegavelmente ambicioso. Se você gosta de filmes que te desafiam e te tiram da zona de conforto, “Satyricon” é para você.

6. Giulietta dos Espíritos (Giulietta degli Spiriti, 1965): Uma Imersão no Universo Feminino

Primeiro filme colorido de Fellini, “Giulietta dos Espíritos” é uma exploração vibrante do desejo feminino, da repressão e da autodescoberta. Giulietta Masina interpreta Giulietta, uma dona de casa que questiona seu casamento e sua identidade após descobrir a infidelidade do marido. O filme se desenrola como uma série de visões e fantasias, com uma estética psicodélica e exuberante. É uma obra pessoal e universal, que pode ser vista como um complemento feminino a “8½”. Se você curte filmes que exploram a psique feminina de forma visualmente impactante, “Giulietta dos Espíritos” é uma ótima pedida.

5. Noites de Cabíria (Le Notti di Cabiria, 1957): A Busca por Amor e Dignidade nas Ruas de Roma

“Noites de Cabíria” é um dos filmes mais emocionantes de Fellini, impulsionado pela atuação magistral de Giulietta Masina. Ela interpreta Cabíria, uma prostituta romana que busca amor e dignidade em meio a decepções e traições. O filme equilibra comédia e drama, mostrando a resiliência e o otimismo da protagonista. A cena final, com Cabíria sorrindo em meio às lágrimas ao se juntar a um grupo de músicos, é um dos momentos mais icônicos da história do cinema. Se você se emociona com histórias de superação e personagens cativantes, “Noites de Cabíria” vai te tocar profundamente.

4. Amarcord (1973): Memórias da Itália Fascista

“Amarcord”, que significa “eu me lembro” em dialeto romagnolo, é o filme mais autobiográfico de Fellini. É uma reflexão nostálgica e crítica sobre sua juventude na Itália fascista. O filme retrata uma comunidade sob o regime de Mussolini, celebrando a vitalidade da memória e a excentricidade dos personagens. É uma obra acessível e divertida, mas com um toque de melancolia. “Amarcord” nos lembra que a memória é complexa e traiçoeira, e que a realidade e a fantasia se misturam constantemente. Se você se interessa por história e aprecia filmes que exploram a memória com humor e sensibilidade, “Amarcord” é uma excelente escolha.

3. A Estrada da Vida (La Strada, 1954): Uma Fábula Sobre Amor, Crueldade e Redenção

“A Estrada da Vida” é uma fábula devastadora sobre amor, crueldade e redenção. Giulietta Masina entrega uma atuação inesquecível como Gelsomina, uma jovem ingênua vendida a Zampanò (Anthony Quinn), um brutamontes que a força a acompanhá-lo em suas apresentações circenses. O relacionamento entre eles é abusivo, mas permeado por momentos de ternura. Fellini constrói uma história simples e poética, que se torna atemporal e alegórica. O clímax emocional do filme é genuinamente devastador, com Masina transmitindo uma mistura de sofrimento e resiliência. Se você gosta de filmes que te fazem refletir sobre a condição humana e te emocionam profundamente, “A Estrada da Vida” é imperdível.

2. A Doce Vida (La Dolce Vita, 1960): Uma Crônica da Decadência na Roma Moderna

Poucos filmes capturaram o espírito de uma época como “A Doce Vida”. Acompanhamos o jornalista Marcello Rubini (Marcello Mastroianni) em sua jornada pela alta sociedade romana, em busca de fama e prazer. O filme é uma exploração da decadência, da superficialidade e do vazio existencial. “A Doce Vida” popularizou o termo “felliniesco”, sinônimo de excesso surreal e carnavalesco. O filme é repleto de cenas icônicas, como a sequência da Fontana di Trevi com Anita Ekberg. Fellini retrata Roma como um playground glamouroso, onde o sentido da vida está sempre fora de alcance. Se você se interessa por crítica social e aprecia filmes visualmente deslumbrantes, “A Doce Vida” é um clássico obrigatório.

1. 8½ (1963): A Obra-Prima Sobre a Crise Criativa

“8½” é a obra-prima de Fellini e um dos maiores filmes de todos os tempos. Marcello Mastroianni entrega sua melhor atuação como Guido Anselmi, um diretor de cinema em crise criativa. Fellini transforma a crise de Guido em um espetáculo surreal, onde sonhos e realidade se misturam. Amantes desfilam pela mente do protagonista, memórias da infância invadem o presente e sequências circenses encapsulam o caos da criação. O filme é uma reflexão sobre o processo criativo, o fracasso e a busca por sentido na arte e na vida. A auto-referencialidade de “8½” o torna eternamente relevante, consagrando-o como uma das maiores obras sobre o cinema já feitas. Se você é apaixonado por cinema e busca um filme que te desafie e te inspire, “8½” é a escolha perfeita.

E aí, preparado para se aventurar no mundo mágico e complexo de Federico Fellini? Garanto que você não vai se arrepender!

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