Em 2024, a Netflix nos presenteou com “Ninguém Quer Isso” (originalmente “Sem filtro”), uma rom-com que mergulha de cabeça nos desafios e delícias de um relacionamento inter-religioso. A
Em 2024, a Netflix nos presenteou com “Ninguém Quer Isso” (originalmente “Sem filtro”), uma rom-com que mergulha de cabeça nos desafios e delícias de um relacionamento inter-religioso. A série conquistou o público e a crítica, alcançando 95% de aprovação no Rotten Tomatoes. Mas essa não é a primeira vez que a TV tenta abordar esse tema. Quase 50 anos antes, “Bridget Loves Bernie” da CBS causou um verdadeiro furacão e acabou sendo cancelada. Será que a sociedade evoluiu tanto assim? Vamos explorar essa história!
Criada por Bernard Slate, “Bridget Loves Bernie” estreou em 1972 e trazia Meredith Baxter e David Birney como o casal protagonista. Bridget, uma professora católica irlandesa, e Bernie, um escritor judeu, se apaixonam e decidem se casar. A série acompanhava as diferenças culturais e religiosas que surgiam no relacionamento, além das expectativas e julgamentos de suas famílias. Era como um “Modern Family” dos anos 70, mas com um toque de ousadia.
A trama explorava as diferenças financeiras entre os personagens, já que Bridget vinha de uma família rica, enquanto os pais de Bernie eram donos de uma delicatessen. As situações cômicas eram o ponto forte da série, como Bridget escondendo sua fé da tia ou trocando acidentalmente um vídeo educativo por um filme adulto. A fórmula parecia promissora, e a crítica inicial foi positiva.
“Bridget Loves Bernie” foi um sucesso de público logo de cara, chegando a ser o quinto programa mais assistido da época, segundo o The Hollywood Reporter. A série ainda ocupava um horário nobre entre “All in the Family” e “The Mary Tyler Moore Show”, dois fenômenos da TV americana. O cancelamento repentino após a primeira temporada pegou todos de surpresa, inclusive a atriz Meredith Baxter.
Mas por que a CBS tiraria do ar um programa tão popular? A resposta pode estar na controvérsia que a série gerou. Na década de 70, o casamento inter-religioso ainda era um tabu para muitas pessoas, e algumas organizações judaicas conservadoras se revoltaram com a representação do tema na TV. Um rabino chegou a declarar ao The New York Times que o casamento inter-religioso “vai diretamente contra os ensinamentos judaicos” e condenou a forma como a série tratava o assunto de forma “cavalier, fofa e tolerante”.
A CBS tentou se defender, afirmando que consultava clérigos judeus e católicos para evitar ofensas. Mas a pressão foi grande, e o programa acabou sendo cancelado. Será que a emissora cedeu à pressão ou havia outros motivos por trás da decisão? Nunca saberemos ao certo.
Quase 50 anos depois, “Ninguém Quer Isso” aborda um tema semelhante, mas com uma abordagem mais moderna e inclusiva. A série da Netflix acompanha um casal judaico-agnóstico (interpretado por Adam Brody e Kristen Bell) que precisa lidar com as diferenças culturais e religiosas em seu relacionamento. A dinâmica familiar e os preconceitos de amigos e parentes também são explorados na trama.
Apesar de algumas críticas pontuais sobre a representação da comunidade judaica, “Ninguém Quer Isso” não gerou a mesma polêmica de “Bridget Loves Bernie”. A sociedade parece ter evoluído em relação à aceitação dos casamentos inter-religiosos, e a série da Netflix conquistou o público com seu humor inteligente e personagens cativantes.
A controvérsia em torno de “Bridget Loves Bernie” serve como um marco cultural para entendermos a evolução das atitudes em relação aos casamentos inter-religiosos. A série pode ter sido cancelada injustamente, mas abriu caminho para que outras produções abordassem o tema de forma mais aberta e honesta.
É importante lembrar que, mesmo com a crescente aceitação, muitas pessoas ainda enfrentam discriminação e preconceito por causa de seus relacionamentos interculturais e inter-religiosos. Apoiar a saúde mental dessas pessoas e combater a intolerância são desafios que ainda precisamos superar.
“Bridget Loves Bernie” não está disponível em streaming, mas “Ninguém Quer Isso” é uma ótima opção para quem quer se divertir e refletir sobre as complexidades dos relacionamentos interculturais. E quem sabe, um dia, a CBS não resgate essa joia esquecida dos anos 70?
