O Disney Channel marcou a infância de muita gente, ditando o que esperar de uma programação infantil de qualidade. Mas nem sempre a fórmula deu certo, né? Nem todo experimento ousado rendeu os frutos esperados. Preparei uma lista com 10 dessas tentativas que, sinceramente, não deixaram muita saudade. Concorda comigo?
“Cão com Blog” (2012-2015): Sério que durou 3 temporadas?
A premissa até que era interessante: duas crianças precisam se adaptar à nova família após o casamento de seus pais, e descobrem que o cachorro da família, Stan, fala! Mas, gente, a série não entrega mais nada além disso. O blog do Stan quase nunca se conecta com a trama dos episódios, virando só um truque barato.
O conflito central, com as crianças tentando esconder as habilidades de Stan dos pais, tinha potencial para momentos dramáticos e engraçados, como em “Hannah Montana”. Mas “Cão com Blog” prefere o humor pastelão e episódios sem risco algum. Os personagens humanos são rasos e os conflitos familiares não têm a complexidade de outras séries do canal. Confesso que me surpreende a série ter durado 3 temporadas com tão pouca profundidade.
“Liv e Maddie” (2013–2017): Gêmeas sem brilho
A Disney manda bem na temática de gêmeas, mas “Liv e Maddie” é uma oportunidade desperdiçada. A série lançou Dove Cameron, mas, tirando isso, não há nada memorável. Liv é uma ex-estrela de TV que quer viver uma vida normal, enquanto Maddie é uma campeã de basquete.
A Cameron manda bem nos dois papéis, mas por que não contrataram gêmeas de verdade? As limitações do CGI usado na série deixam as atuações da Cameron meio sem graça. A dinâmica das gêmeas não é natural como deveria ser. E a série cai nos estereótipos de sitcom: Liv é a gêmea feminina, Maddie é o “moleque”, e não evoluem além disso. Os episódios viram uma reciclagem de clichês, o que tira o potencial da série.
“Best Friends Whenever” (2015–2016): Viagem no tempo sem regras?
Essa série tinha potencial para ser um grande sucesso, mas não fez jus à sua premissa. Duas melhores amigas, Cyd e Shelby, descobrem que podem viajar no tempo. O problema é a falta de regras! Elas fazem o que querem, quando querem, sem consequências. Pulam de uma linha do tempo para outra sem resolver as situações.
Não se preocupam com seus atos, porque sempre podem voltar no tempo e consertar seus erros. A série funcionaria se tivesse limites que forçassem as personagens a situações complexas. E, como outras séries da lista, “Best Friends Whenever” abusa dos clichês da Disney. Cyd é a impulsiva, Shelby é a responsável. Uma dinâmica previsível e superficial. Talvez agrade ao público mais jovem, mas está longe do que o Disney Channel já foi nos anos 2000.
“A.N.T. Farm” (2011–2014): Talentos desperdiçados
Muitas séries do Disney Channel sofrem com tramas superficiais e personagens pouco desenvolvidos, e “A.N.T. Farm” não é exceção. China Anne McClain interpreta Chyna Parks, uma prodígio musical de 11 anos que entra no programa Advanced Natural Talent (A.N.T.) no ensino médio. A premissa lembra “Victorious”, da Nickelodeon, que também mostrava adolescentes talentosos no ensino médio. Mas “A.N.T. Farm” não alcançou o mesmo sucesso.
Gostei da ideia de Chyna e seus amigos, Fletcher, Olive e Lexi, desenvolvendo seus talentos e se apoiando. Mas, ao longo da série, eles viram estereótipos. Chyna começa como uma garota talentosa, mas seu talento vira sua única característica. Ela está sempre em situações em que seu talento musical salva o dia, sem espaço para explorar seus conflitos pessoais. A série não faz justiça aos personagens, que não lidam com seus talentos de forma significativa.
“Just Roll with It” (2019–2021): Uma bagunça interativa
“Just Roll with It” foi uma tentativa ousada do Disney, mas errou feio. A série mostra a família Bennett-Blatt em seu dia a dia. Mas, ao som de uma sirene, a história muda completamente, porque a plateia vota no que acontece a seguir. O conceito é interessante, misturando improviso com comédia roteirizada. Mas a execução é mais caótica do que divertida.
A constante mudança entre tramas planejadas e escolhas aleatórias cria uma narrativa desconexa, que perde a graça. As atuações são exageradas, como em comédias de improviso, mas não funciona aqui, porque a série mistura dois estilos diferentes. O humor se baseia em pegadinhas e situações exageradas, que podem ser engraçadas, mas não se conectam com os personagens ou a história. Dou um ponto positivo por tentar algo novo e mostrar uma família racialmente diversa, mas não foi suficiente para tornar a série divertida.
“PrankStars” (2011): Pegadinhas sem graça
“PrankStars”, com Mitchel Musso, do “Hannah Montana”, foi a versão do Disney Channel de um programa de pegadinhas com câmeras escondidas. Inspirado em “Punk’d”, a série tentou ser uma versão infantil do programa. A ideia era boa: estrelas do Disney Channel, como Zendaya e Selena Gomez, pregando peças em fãs. Mas a série não encontrou o equilíbrio entre o humor “limpo” e as pegadinhas maldosas. Em um episódio, Musso promete a uma fã que vai jantar com ela, mas a abandona no restaurante.
Além disso, Musso não tinha o timing cômico necessário para apresentar o programa. Sua energia exagerada era irritante, e as piadas pareciam ensaiadas, o que tirava o elemento surpresa. “PrankStars” durou apenas uma temporada e foi cancelado após a prisão de Musso por dirigir embriagado em outubro de 2011.
“Jonas” (2009–2010): A crise de identidade dos Jonas Brothers
“Jonas”, depois rebatizada como “Jonas L.A.”, surgiu após o sucesso dos Jonas Brothers. Depois da participação de Joe, Nick e Kevin Jonas em “Hannah Montana”, o canal desenvolveu uma série sobre a banda trabalhando como agentes secretos para salvar o mundo. Mas a premissa mudou, e a história misturou realidade e ficção. “Jonas” era uma sitcom mostrando os Jonas Brothers como pop stars famosos, lidando com problemas de adolescentes.
A primeira temporada foi ótima, e os irmãos tinham uma química natural. Mas, à medida que amadureciam como artistas, a série perdeu o sentido. Em “Jonas L.A.”, a série mudou completamente. Os personagens lidavam com temas mais sérios, como relacionamentos, pressão na carreira e dinâmicas familiares complexas. A mudança de tom não funcionou. Os próprios Jonas Brothers admitiram que se arrependeram de continuar a série além da primeira temporada. No documentário “Jonas Brothers: Chasing Happiness”, os cantores disseram que a série não se alinhava com a imagem que queriam transmitir como artistas. O humor bobo e a representação cômica de suas vidas não combinavam com a música mais madura que estavam tentando criar.
“So Random!” (2011–2012): A sombra de Sonny
Fãs antigos do Disney Channel conhecem a história de “So Random!”. A série era um spin-off de “Sonny with a Chance”, estrelada por Demi Lovato como Sonny Monroe, que faz sucesso em Hollywood em um programa de esquetes chamado “So Random!”. Quando Lovato saiu da série, o Disney decidiu transformar “So Random!” em um programa real com o elenco de apoio de “Sonny with a Chance”.
A ideia era legal. Cada episódio era uma mistura de esquetes, alguns independentes, outros com personagens recorrentes. O elenco, com Tiffany Thornton, Sterling Knight e Brandon Mychal Smith, trouxe a familiaridade que atraiu os fãs para “So Random!”. Mas a série não conseguiu firmar sua identidade. Não conseguiu se distanciar de “Sonny with a Chance”. Sem Lovato, parecia que faltava algo, e “So Random!” nunca capturou a magia do original. As esquetes tentavam imitar a espontaneidade de programas como “Saturday Night Live”, mas o humor “Disney-safe” era previsível. A série teve seus momentos divertidos, mas não atingiu seu potencial.
“Girl Meets World” (2014–2017): Lições de moral forçadas
“Girl Meets World” era um spin-off de “Boy Meets World”, uma das séries de maior sucesso do Disney Channel, que mostrava Corey Matthews (Ben Savage) na transição da infância para a vida adulta. “Girl Meets World” continua a história com a nova geração, mostrando a filha de Corey e Topanga (Danielle Fishel), Riley Matthews (Rowan Blanchard), e sua melhor amiga Maya Hart (Sabrina Carpenter). Gosto do elemento nostálgico da série, mas “Girl Meets World” não fez jus ao legado de sua antecessora.
O humor estava lá, mas o tom da série era estranho. “Boy Meets World” era elogiada por abordar temas difíceis sobre família, amigos e amadurecimento, mas o spin-off era moralista demais ao tentar fazer o mesmo. Sem falar no caso em que Farkle (Corey Fogelmanis) foi diagnosticado com autismo, e o episódio inteiro foi sobre Riley e seus amigos tentando provar que não era verdade. “Girl Meets World” perde pontos por se esforçar demais e perder a autenticidade que fez a série original ser tão amada.
“Bizaardvark” (2016–2019): Fama na internet sem profundidade
Como muitas séries do Disney Channel, “Bizaardvark” começou com tudo. A série mostra as melhores amigas Frankie (Madison Hu) e Paige (Olivia Rodrigo), que viram celebridades da internet após atingirem 10 mil inscritos em seu canal online, Bizaardvark. A premissa era perfeita para a época, com a crescente popularidade dos influenciadores de mídia social. Mas, se o conceito parece familiar, não é coincidência: “iCarly”, da Nickelodeon, contou a mesma história em 2007.
As semelhanças entre as duas séries são óbvias, mas a execução de “Bizaardvark” é infantil demais. As protagonistas fizeram um ótimo trabalho ao interpretar adolescentes modernas e conectadas, o que ajudou a impulsionar a carreira de Rodrigo. Mas a série abusou dos estereótipos da fama na internet e se baseou em referências superficiais às mídias sociais, sem abordar os desafios que os adolescentes enfrentam no mundo digital. Sem falar que a série também contou com Jake Paul, cujas polêmicas ofuscaram o pouco que “Bizaardvark” tinha de bom. A série foi cancelada após a terceira temporada e permanece como uma parte esquecível da história do Disney Channel.